Tomar uma decisão pode ser mais assustador do que as consequências de evitá-la?

calvinNaoAcredito

A barata estava lá, olhando para mim.
Ou pelo menos eu achava que estava…
E tudo o que eu tinha que fazer era descer da cadeira, pegar a vassoura e matá-la.
Mas como faria isso, paralisada de medo?
Pensei em gritar por socorro…
Não tinha viva alma ao meu alcance…
Pensei em telefonar para a defesa civil!…
O celular estava a intransponíveis dez metros dali.
Senti que ia desmaiar…
Se eu caísse no chão, o monstro me alcançaria!
Constatei horrorizada que não tinha nenhuma chance…
Esquadrinhei o território da cozinha em busca de uma salvação.
Dei de cara com o calendário magnético colado na geladeira.
Era terça-feira.
A faxineira tinha vindo um dia antes…
Uma ideia terrivelmente realista me ocorreu.
Eu moro sozinha!
Ninguém apareceria na minha casa para me salvar!
Eu poderia ficar em pé naquela cadeira por dias…
Sem beber água, sem comer nada, sem sequer ir ao banheiro!
E a barata?
Morreria de velhice?
Evidente que não!
E mais: ela poderia fugir e se esconder pela casa!
E eu passaria noites em claro morrendo de medo, sem saber onde ela iria aparecer!
Será que dava para ficar pior??…

Então eu me perguntei:
– Tomar uma decisão pode ser mais assustador do que as consequências de evitá-la?

Essa história simples indica que provavelmente não.
Entretanto, apesar de simples, é uma história bastante arquetípica.
Reflete a ideia do medo agindo em função dele próprio.
Sem nenhuma análise equilibrada do risco e da competência para enfrentá-lo.

Que tal pensarmos em como escapar dessa armadilha?
Que tal percebermos que temos competência para matar a barata em vez de sofrer as consequências?

Lembremos de que medo reflete a sensação de inferioridade diante de uma ameaça.
Então tudo o que temos que fazer é submeter essa sensação a uma análise racional e realista.

Dar espaço para seu cérebro funcionar e superar a emoção debilitante, eis a estratégia fundamental.

Então vamos tentar algumas sugestões  práticas.

Use o tempo a seu favor:
1. Não ceda à primeira decisão induzida pelo medo, a menos que o dano seja imediato.
Conforme dito no post da raiva, decisões passionais têm grandes chances de causar mais estrago do que o simples adiamento da decisão.
2. (…porém…) Não caia na tentação de simplesmente adiar a decisão para fugir dela.
Decisões adiadas por fuga reforçam o medo porque alimentam a sensação do desastre iminente.
3. Invista o tempo que você tem antes de decidir, para exercer seu bom senso e inteligência.
Quando você se livra da urgência de decidir, dá mais chances à sua inteligência de atuar construtivamente a seu favor.

Faça sua razão superar seu medo:
4. Conscientize-se de que o medo impede você de ver outros pontos de vistas além daquele que lhe dá medo.
É comum reforçarmos o medo olhando unicamente para as consequências catastróficas que ele prevê.
Voltar sua atenção para as causas práticas do problema pode tirar você desse círculo vicioso.
5. Perceba que o medo tira sua percepção de suas próprias competências.
É muito provável que você tenha recursos que não esteja considerando porque o medo o(a) impede de ver.

Seja estrategista:
6. Descreva por escrito, tudo o que lhe dá medo, real ou imaginário.
Descreva tudo, por mais absurdo ou assustador que lhe pareça.
Isso dará mais materialidade e dimensão a seus fantasmas.

“Os fantasmas causam maior medo de longe do que de perto.” – Niccoló Machiavelli

7. Organize esses seus medos em uma lista, em escala crescente de gravidade.
Isso poderá desmistificar alguns cenário que você imaginou.
8. Comece a solucionar os cenários ameaçadores, a partir dos mais fáceis.
Várias pequenas ameaças podem parecer um imenso problema.
Eliminar as mais fáceis pode clarear muito sua visão do problema maior.
E cada cenário que você vencer vai reforçar sua segurança para enfrentar os cenários mais complexos.

Inspire-se:
9. Reforce suas competências lembrando de suas histórias de sucesso.
Vale lembrar também do que as pessoas mais admiram em você.
10. Pense em como seu(sua) amigo(a) mais competente resolveria esse problema.
Inspirar-se em uma figura forte pode lhe trazer soluções que talvez você não tenha pensado antes.

11. Se tudo o mais falhar, peça suporte ao bom senso de alguém.
Deve ser alguém que você sabe que não teria os mesmos medos que você.
Leve seus medos por escrito e essa pessoa certamente o(a) ajudará a derrubar muitos cenários fantasiosos.
Também lhe mostrará as competências que você tem mas que o medo não lhe permitiu identificar.

Tenha em mente que é preciso muita coragem para admitir que se tem medo.
Os que ousam fazer isso sempre despertam admiração.

E lembre-se: compete a você superar o medo e não, sucumbir a ele.

“Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem.” – Jean-Paul Sartre

 

Para mais dicas sobre medo, entre em contato comigo e você receberá o artigo “Dez Maneiras de Enfrentar Seus Medos”.